A crítica está na natureza humana, de tal sorte, que podemos
afirmar: todos os humanos, potencialmente, são críticos. A potencialidade não
significa dizer que a crítica possa ser exercida sem desejo, conhecimento e
esforço; razão pela qual grande parte das pessoas não se interessam ou se alienam
da vida social. O não interesse advém de outras prioridades, ou inseguranças e
formam o ser chamado de “politicamente correto”. Existe apenas uma diferença
entre o “politicamente correto” e o “crítico”. O politicamente correto opta em não
saber criticar, desta forma, elogia a tudo e a todos e longe do “espetáculo”,
do seu “palco de atuação”, manifesta perfunctoriamente assaques contra tudo e
todos. O verdadeiro crítico é um racionalista que consegue pensar com os
valores éticos e verificar o que há de verdade ou equívoco em qualquer tipo de
situação da vida corriqueira.
Para muitos as atitudes e comentários devem ser sempre
“politicamente corretas”, ou seja, revelar o mínimo do que realmente pensamos
sobre determinado assunto ou fato. Em outras palavras, viver o personagem de
acordo com o script do momento, ser o padrão que se espera encontrar na
tipificação imposta pelo senso comum.
Não vou contestar tal pensamento, pois sei que é assim que
funcionam as relações humanas e sociais. Vivemos um período de inversão de
valores e os críticos não são prestigiados pelas sociedades, mas, largados a
própria sorte. No dizer de “Zaratustra”, os “super-homens” são inimigos das
sociedades, sejam políticas, econômicas, empresariais, religiosas, ou qualquer
outra forma de interesse humano.
Mas o que é um crítico? Seria uma espécie de demônio que
denuncia os equívocos dos inerrantes sábios das sociedades? Ou seria um
espírito de menino levado que grita diante das sociedades que seus líderes
estão nus? Ou, então, anjos que combatem os valores terrenos em prol das
virtudes metafísicas? Existiriam críticos do bem, ou todos são do mal? Ou,
ainda, seriam os críticos improdutivos?
Um crítico é alguém atuante e sensível às reflexões
relevantes, pensa sempre o melhor para sua empresa ou para a sociedade em que
vive. É comprometido com a verdade e a busca incessante e de forma
incansável. Tem plena consciência do
possível, mas não se deixa enrolar pelas falácias dos “espertos” que usam de
todos os meios para convencer a outros de seus interesses, muitas vezes ocultos
em atos generosos.
O crítico jamais fala mal de quem quer que seja, bem como
não é um assacador das instituições da sociedade. Ele fala sobre as verdades
fundadas nos saberes e nos processos éticos valorosos que norteiam sua razão.
Ele não é um pessimista e muito menos alguém comprometido em apontar defeito em
tudo e todos, ao contrário, como já foi dito, seu compromisso é com a verdade,
bem como conhecer os limites do possível.
A crítica é que distingue os seres humanos dos demais animais, pois
criticar é o ato de pensar, é o exercício da razão é o homem em sua plenitude.
Apenas para lembrarmos, já no Século XVIII Immanuel
Kant marca a história do conhecimento humano com seu livro “A Crítica da
Razão Pura”.