O tempo é um eterno fugitivo, por isso, a vida deve ser intensa e a intensidade de viver advém de valores benéficos a sua continuidade, pois o dia seguinte está por amadurecer e deverá ser vivido com a mesma intensidade de hoje. Tempus Fugit, Carpe Diem.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

SEM MEDO DE SER FELIZ



Foram três artigos teóricos que questionam a existência humana em face dos mercados e das sociedades, analisando os processos éticos formadores das diversas moralidades reguladoras da vida cotidiana. Ainda no campo da teoria, procurei mostrar alternativas e a real vocação da existência humana, a qual é a felicidade existencial, que se caracteriza pela essencialidade das coisas e valores que sustentam e complementam a própria vida.

Tenho uma rede de conexões muito diversificada quanto às atividades profissionais, bem como, a formação acadêmica. É razoável e fácil de compreender tal diversidade, se levarmos em conta que estou no LinkedIn desde o início de sua operação; logo, os interesses e motivações para a formação da rede foram se modificando ao longo dos anos. Como os amigos virtuais da rede apresentam tal característica, a tarefa de transformar as teorias em uma proposta prática é por demais desafiadora, o que gera entusiasmo e, ao mesmo tempo, muita responsabilidade.

Iniciamos com parte do Art. 5º da nossa Constituição, não sendo demasiado, registrar in verbis as partes que serão focadas.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Creio que, para quem leu os outros textos, já é perceptível que estou trabalhando com uma diversidade de áreas do conhecimento humano. O artigo 5º da Constituição Federal trata dos direitos e garantias fundamentais e, em seu capítulo primeiro, dos direitos e deveres individuais e coletivos. Creio que se os Constituintes Originários trouxeram a termo e positivaram os direitos e deveres individuais e coletivos,  direitos estes difusos, subjetivos, principiológicos e,  em tese, intrínsecos à natureza existencial humana, de certo que já havia um consensual convencimento de que tais princípios de direito, embora intrínsecos à natureza humana, dependiam de processos cognitivos éticos para o desenvolvimento moral. Esses princípios nem sempre encontram entes humanos em condições de pensar, seja por conflito de interesses ou irremediável metodologia ética, tornando-se, portanto, inteiramente divergentes.

Aqui cabe destacar a influência da cultura religiosa. Não me atrevo a dizer que todas as religiões não aceitam a igualdade entre homem e mulher, mas quase todas discriminam as mulheres fazendo-as seres humanos complementares aos homens. As principais religiões do mundo, os governos e o sacerdócio, aqui expressando genericamente os proclamadores das divindades, são exercidos por homens. As mulheres trabalham em obras ou meras atividades de natureza social. Outra consideração relevante é a concepção moral de certo e errado, que pode ser entendida como santidade e pecado, o apelo ao cumprimento da vontade dos deuses causa temor, insegurança e dependência da aprovação dos atos e pensamentos humanos das tradições eclesiásticas. Elencar os grandes conflitos não é difícil: a virgindade até o casamento, a fidelidade conjugal, o não reconhecimento da união estável, a questão do gênero, a liberdade sexual, jogos de sorte (chamo de sorte, contudo o normal é perder), bênçãos e maldições, ideologias de direita e de esquerda e outros.

As corporações e os mercados merecem atenção especial. A discriminação ao trabalho da mulher é notória mundialmente, inclusive quanto ao valor dos recebimentos pecuniários menores em relação aos rendimentos dos homens com as mesmas funções. Todavia, outro processo impositivo aos entes humanos é a doutrinação comportamental e o controle ético e moral sobre seu quadro funcional e respectivos familiares. Nesse processo impositivo, as corporações e os mercados levam em conta a aparência, a vida social e a futilidade e consumismo da família. Outra questão relevante é a idade dos executivos e a finalidade objetiva da empregabilidade. Jovens até a meia idade, cerca de 50 anos, formam a grande massa dos executivos. Acima dos 50 anos, sobrevivem os acionistas e poucos líderes de projeção e notoriedade na formação dos rebanhos de executivos. Elimina-se qualquer experiência de grandes executivos cuja faixa etária estiver acima de 50 anos.

Somam-se a influência religiosa e dos mercados, a influência do Estado. Não creio em Estados. Todos, sem exceção, estão contaminados pela doutrina teleológica, o que, segundo Aristóteles, é filosoficamente inalcançável plenamente. Porém, o Estado está comprometido consigo mesmo e com os seus partícipes ou burocratas que almejam o poder absoluto, ainda que se defina como Estado Democrático de Direito. É certo que países com força privada econômica blindaram os capitais, de forma que os Estados não conseguem dominar os capitais. Devemos considerar que a mundialização econômica, social, cultural e política, fundamentam a impossibilidade do domínio dos capitais pelos Estados. Contudo, é importante ter em mente que os Estados controlam o Direito e, consequentemente, pessoas, sociedades civis, sociedade empresariais e, quando laico, as sociedades religiosas, ainda que em aparente sistema de negociação.

Tenho absoluta certeza de que cada parágrafo renderia uma enciclopédia, sem o esgotamento do assunto. Eu mesmo não calculo a quantidade de livros, opúsculos e artigos que li para apresentar pequenos parágrafos aos meus amigos, com o intuito de proporcionar alguns momentos de reflexão. Mas, como disse Gonzaguinha em sua composição “Diga Lá, Coração”: “Diga lá, meu coração/ Que ela está dentro em peito e bem guardada/ E que é preciso/ Mais que nunca/ Prosseguir, Prosseguir”. (in Diga Lá, Coração www.vagalume.com.br)

E prosseguir significa o reconhecimento de que a moral das melhores práticas das mais importantes áreas do conhecimento humano não está permitindo a evolução e o desenvolvimento generalizado das sociedades humanas. É necessário também, refletir sobre a causa e apontar um caminho que melhore a existência humana, mas isso será visto no próximo texto, que já está pronto e será postado em outra ocasião.

Não sou dono da verdade, sou dono de uma ciclópica paixão pela existência humana.

Abraços,

Wagner Winter