O tempo é um eterno fugitivo, por isso, a vida deve ser intensa e a intensidade de viver advém de valores benéficos a sua continuidade, pois o dia seguinte está por amadurecer e deverá ser vivido com a mesma intensidade de hoje. Tempus Fugit, Carpe Diem.

domingo, 7 de agosto de 2011

A ECONOMIA DOS VALORES DE PAPEL

Uma proposta de reflexão e discussão à luz dos efeitos da crise mundial e o trabalho motivacional dos agentes das empresas, visando ao maior nível de satisfação e produtividade.

Não podemos negar que estamos vivendo o reinício de um período de crise econômica mundial. Espera-se uma recessão nos EUA e na UE, gerando perdas financeiras imprevisíveis com fortes reflexos nos países em desenvolvimento. Esta crise deve gerar muita movimentação de trocas de posições de investimentos, cortes nos orçamentos públicos e privados, quedas nas bolsas de valores em todo o mundo e variações desastrosas nas taxas de câmbio.

O sistema financeiro mundial está em xeque e, com ele, toda a economia mundial. O desaquecimento dos mercados gera recessão e o aquecimento em momentos de pouco investimento gera inflação. Diz um ditado popular no Brasil: “na briga do mar com o rochedo, quem sofre é o marisco”. Fiz a citação para enfatizar que entre os interesses econômicos do setor privado e os interesses macroeconômicos dos Estados, sofrem mais e primeiro as microeconomias privadas, empregados, aposentados e as academias, que precisam de financiamento para o desenvolvimento de pesquisas.

Não desconheço as ciências econômicas contemporâneas, obviamente não sou um especialista, apenas conheço o suficiente para discordar de sua principiologia e alguns métodos. Entre os princípios de que discordo o mais importante é o do capital inútil, ou seja, o capital de investimento especulativo que não gera outra coisa se não mais capital. Falando intimamente, chamo de capital prostituto, pelo fato específico de saciar momentaneamente as necessidades de reservas internacionais à custa de um alto cachê, ou taxa de juros e logo se retira sem deixar sequer o telefone, para atender outras oportunidades de negócios ou clientes.

Direitos fundamentais, tais como: O direito da dignidade da pessoa humana; liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado; toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego; toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle; são questionados, em especial nos momentos de crise, sobre quem vai pagar a conta para o pleno exercício dos mesmos. O questionamento não é só político-econômico, é essencialmente jurídico, uma vez que os Estados membros da ONU assumiram os Direitos Fundamentais em seu ordenamento jurídico.

Há alguns anos, a pesquisadora francesa Vivianne Forrester escreveu um livro pequeno, chamado "O Horror Econômico", que consistia em comentar a tendência à extinção do emprego, do trabalho regulamentado, substituído pelo trabalho por contrato temporário. O "horror" estaria presente na própria impossibilidade de os governos admitirem que não seria possível reverter a situação, nem teriam como comunicar isto a seus eleitores. Neste mundo, com relações sociais e econômicas denominadas como "líquidas", por Zygmunt Baumann, nada parece durar muito tempo. E agora, como estes agentes nas empresas deverão se comportar?

Penso já termos descrito suficientemente o cenário para colocar, diante da premissa de que a motivação é a saúde da produção, os seguintes questionamentos:

1. Como manter-se motivado para empreender empresarialmente? (micro, pequeno e médio empreendimentos).

2. É possível motivar uma equipe de executivos de média ou grande empresa que acompanham diariamente se as empresas em que trabalham serão incorporadas, objeto de fusões ou exterminadas? (entenda-se por exterminadas o processo de recuperação judicial ou de falência no sistema jurídico brasileiro).

3. Os trabalhadores comuns já estão acostumados a serem demitidos em massa dentro dos transportes coletivos das empresas, inclusive a “tia do cafezinho”, citada brilhantemente em outra discussão de grupo. Como motivar esses trabalhadores comuns?

Registro meus agradecimentos ao Dr. Fernando Roberto Freitas Almeida (UFF) que me orientou neste texto.

Posto o texto e seus questionamentos, convidamos a todos os membros opinarem de forma livre sobre as muitas possibilidades existentes.

Abraços,
Wagner Winter

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL É UMA QUESTÃO ÉTICA, POLÍTICA, JURÍDICA OU ECONÔMICA?

Prezados amigos,

Tenho plena consciência da necessidade desenvolvimentista do ser humano, assim como, da necessidade, do mesmo ser humano, de manter um habita não destrutivo à sua espécie.

Dentro desta visão, considero o desenvolvimento sustentável como elementos (desenvolvimento + sustentabilidade do planeta) da natureza dos entes humanos, por tanto, são questões de caráter existencial. Acrescento que não é concebível à razão, na atual geração do pensamento humano, não subsumir a natureza desenvolvimentista a sustentabilidade do planeta.

Quem não compactua com as idéias de sustentabilidade ou se tornam alheias as mesmas imaginam que possam viver em outro planeta? Ou será que julgam estar presenciando o momento apocalíptico?

Para pensarmos e estabelecer um saudável debate.

Abraços,
Wagner Winter

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL É UMA QUESTÃO ÉTICA, POLÍTICA, JURÍDICA OU ECONÔMICA? (CONTINUAÇÃO)

Prezados amigos,

Gostaria de desenvolver um pensamento lógico-filosófico, pedindo desculpas antecipadas aos mais pragmáticos.

“Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios: a falta de hialoplasma e ribossomos impede que eles tenham metabolismo próprio. Assim, para executar o seu ciclo de vida, o vírus precisa de um ambiente que tenha esses componentes. Esse ambiente precisa ser o interior de uma célula que, contendo ribossomos e outras substâncias, efetuará a síntese das proteínas dos vírus e, simultaneamente, permitirá que ocorra a multiplicação do material genético viral”.

“Em muitos casos os vírus modificam o metabolismo da célula que parasitam, podendo provocar a sua degeneração e morte. Para isso, é preciso que o vírus inicialmente entre na célula: muitas vezes ele adere à parede da célula e "injeta" o seu material genético ou então entra na célula por englobamento - por um processo que lembra a fagocitose, a célula "engole" o vírus e o introduz no seu interior”.

Como lemos o singelo texto nos fala de um ser de tamanha simplicidade, considerado um para um parasita intracelular por não conseguir desenvolver suas funções vitais sem os elementos de uma célula, contudo, muitos vírus provocam a degeneração e a morte da célula hospedeira, consequentemente a sua própria morte.

Quero reproduzir a primeira proclamação do Tratado de Estocolmo, de 5 a 16 de junho de 1972:

1 - O homem é ao mesmo tempo criatura e criador do meio ambiente, que lhe dá sustento físico e lhe oferece a oportunidade de desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. A longa e difícil evolução da raça humana no planeta levou-a a um estágio em que, com o rápido progresso da Ciência e da Tecnologia, conquistou o poder de transformar de inúmeras maneiras e em escala sem precedentes o meio ambiente. Natural ou criado pelo homem, é o meio ambiente essencial para o bem-estar e para gozo dos direitos humanos fundamentais, até mesmo o direito à própria vida.

Para facilitar o raciocínio, desconsiderarei a questão dos direitos humanos fundamentais, pois existem questionamentos atuais de natureza econômica, jurídica e filosófica sobre alguns dos direitos elencados pela ONU.

Igualmente, vamos retirar do texto as seguintes partes: lhe dá sustento físico; lhe oferece a oportunidade de desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. São expressões politicamente corretas de grande subjetividade e que exigem critérios hermenêuticos para uma interpretação segura, porém nunca consensual.

Retirando os adjetivos e demais complementos vamos trabalhar com o fulcro do texto, que interpreto da seguinte forma: “O homem é ao mesmo tempo criatura e criador do meio ambiente. A evolução da raça humana com o rápido progresso da Ciência e da Tecnologia conquistou o poder de transformar o meio ambiente de inúmeras maneiras”.

De plano percebo, apesar da citação do ser humano como criatura, o foco do texto esta na condição de criador e nas transformações percebidas. Na Declaração do Rio acontece a mesma coisa, apesar de citar a Terra como nosso lar, o texto, com outra abordagem, orienta o foco para a centralidade do ser humano no processo de desenvolvimento sustentável: “Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável”.

Quando falei que a questão do meio ambiente e desenvolvimento sustentável é uma questão existencial, quis resgatar o conceito de criatura. Os prolegômenos das discussões e dos tratados estão equivocados, é necessária a compreensão racional do significado de ser criatura, sem o que, restará somente a questão do desenvolvimento sustentável sem a devida compreensão racional dos reais motivos de sua necessidade, de sua urgência, de seus limites.

Fazendo a ligação com os primeiros parágrafos, seria tentar educar o mundo viral para que sua reprodução deva ser contida, que eles devem cuidar bem das células hospedeiras para que elas tenham vida longa. Como vírus não tem cérebro, de nada adiantaria. Da mesma forma como a discussão não está voltada para a continuidade da espécie humana e, sim, sua atividade produtiva, a qual também lhe é natural, o comportamento das sociedades humanas são semelhantes ao comportamento das sociedades virais.
Esse fenômeno acontece em razão dos paradigmas do senso comum na discussão dos valores sociais: o emprego é fundamental; sem o extrativismo não se sustenta família; o agronegócio é o carro chefe da economia do país; sem energia elétrica as pessoas não sobreviverão; os países em que as populações estão abaixo da linha da miséria é resultado da corrupção interna.

Com um profundo lamento, pois professo a fé reformada com muita dedicação, mas não posso deixar de citar que o paradigma dos valores religiosos é dos mais nefastos na disseminação do senso comum que não prioriza a condição do homem como criatura natural inteiramente dependente do mundo em que vive. Os dogmas determinam uma origem divina, o controle divino do universo e a passagem para outro mundo. O ser humano é o centro do universo, pois tem um deus que se preocupa com ele.

Enquanto a discussão se desenvolve em torno dos valores sociais, o fulcro da questão fica esquecido: os seres humanos morrerão de forma semelhante aos vírus, pela autodestruição de seu hábitat, contrariando todo o correto entendimento da fé cristã, ao meu entendimento.

Para uma questão existencial não há paradigma de valore que possa prevalecer, razão pela qual deve-se mudar o foco das discussões e das ações: o discurso não pode ser salvem as baleias, as aves, as florestas – e sim, Salvem os Seres Humanos! É necessário possuir uma infinita determinação e uma obstinada paixão para salvar os seres humanos do suicídio coletivo, tal como no pensar de Nietzsche: “É preciso ser inflexível até a dureza às coisas espirituais para suportar minha seriedade, minha paixão. Deve-se estar acostumado à vida nas montanhas para enxergar abaixo de si a medíocre falação da política e do egoísmo das nações. É preciso ter-se tornado indiferente, nunca perguntar se a verdade é útil ou fatalista....”

Para terminar quero deixar uma citação de Dietrich Bonhoeffer, pastor da Igreja Luterana na Alemanha, atacou as impiedades de Hitler e conspirou contra o regime nazista, foi preso em abril de 1943, enquadrado na lei de segurança do Terceiro Reich e confinado em vários campos de concentração da Gestapo, e finalmente executado em abril de 1945.

“Otimismo, entretanto, não é essencialmente uma opinião sobre a presente situação, mas representa uma força vital, uma energia da esperança, onde outros resignam, uma resistência de manter erguida a cabeça, quando tudo parece querer fracassar, uma força que jamais entrega o futuro ao adversário, mas o reclama para si. Sem dúvida alguma existe um otimismo covarde, estúpido, tolo que não pode colher aprovação de ninguém. O otimismo entretanto, que equivale a uma vontade para o futuro, ninguém deverá menosprezar, mesmo que erre centenas de vezes. Eis que é a saúde da vida, que o doente não deve contaminar. Homens há que julgam ser condenável, cristãos inclusive existem que consideram ser ímpio esperarmos um futuro terreno melhor e prepararmo-nos para tanto. Acreditam eles no caos, na desordem, na catástrofe como sentido dos acontecimentos presentes e assim se recolhem para a resignação e pia fuga ao mundo, escapando destarte à responsabilidade para a continuação da vida, a reconstrução e as gerações a vir. Pode ser que o Dia do Juízo seja amanhã, pois bem, então será de bom grado que desistamos do trabalho em favor de um futuro melhor, mas antes não”. Bonhoeffer, Dietrich. Resistência e Submissão, tradução de Ernesto J. Bernhoeft – 2ª edição – Rio de Janeiro: Paz e Terra; Rio Grande do Sul: Sinodal, 1980. P. 29-30.

Vamos continuar discorrendo sobre o assunto, o texto ficou muito grande, no que já peço desculpas, mas não pode ser conclusivo, é apenas mais uma forma de abordar a questão do debate.

Abraços,

Wagner Winter