O tempo é um eterno fugitivo, por isso, a vida deve ser intensa e a intensidade de viver advém de valores benéficos a sua continuidade, pois o dia seguinte está por amadurecer e deverá ser vivido com a mesma intensidade de hoje. Tempus Fugit, Carpe Diem.

domingo, 17 de março de 2013

PENSANDO NOS EDUCANDOS E EDUCADORES EM SALA DE AULA


Lembro que os grandes pensadores gregos estudavam e ensinavam caminhando. O tema é muito relevante e requer um pensar profundo sobre o ambiente escolar. Ao meu sentir, as salas de aulas se equiparam a celas coletivas do sistema prisional, é uma espécie de confinamento de alunos e professores e, principalmente, da razão.

O conceito (ou objetivo) da educação é fundamental na definição de conteúdo, ambiente, método e comunicação (que pode ser entendido como ferramenta ou meio). A priori, rejeito as teorias de transmissão de conhecimentos, ou de formação de conhecimento. Por óbvio que o educar perpassa pela transmissão e pela formação de saberes, contudo, acredito na transformação evolutiva dos saberes curriculares, no desenvolvimento da consciência crítica.

Desta forma, a sala do cinema, do teatro, ou qualquer outra, pode ser uma jaula terrível, se o espectador estiver assistindo a qualquer coisa apenas pelo senso comum. Tal fato, também acontece na sala de aula e existem alunos que se perdem fora do ambiente tradicional (quem vive pelo senso comum se perde em ambientes incomuns).

Sem dúvida que é preciso repensar os objetivos (ou conceitos) da educação. Onde se pretende chegar? Pretendemos uma formação para utilização nos mercados de trabalho ou uma formação transformadora dos mercados de trabalho? Não podemos esquecer que o senso crítico incomoda; que as transformações representam novidades e, estas, inseguranças e dúvidas.

É inegável o abismo entre a teoria e a prática. No Brasil a educação é possível sob todos os pontos fundamentais e acessórios, ou seja, temos tecnologia para preparar educadores e para educar; temos recursos públicos e privados; possuímos a expertise para a educação presencial e não presencial, bem como os elementos logísticos para tal. Por que não educar?

Sabemos que não existe país desenvolvido sem alto nível educacional da população e queremos ser desenvolvimentistas semeando a ignorância na razão dos indivíduos. No Brasil, até as grandes mídias fomentam a ignorância. Podemos destacar poucas entidades educacionais cujo objetivo principal seja educar. Em geral, tais entidades de excelência educacional são Universidades, terceiro nível do processo educacional. Mínimas são as instituições de ensino fundamental e médio, chegam a ser exceção.

Mesmo existindo a consciência da necessidade de educar verdadeiramente, os brasileiros assistem a educação privada ser considerada como negócio pecuniário de um grande mercado e a educação pública como grande negócio político, também com grandes somas pecuniárias envolvidas.

Quem muda essa realidade? É necessário saber-se doente para que se tome medidas e remédios. Vivemos em uma sociedade doente de ignorância crônica. Não possuímos motivações para a difusão de saberes, muito menos para a retenção de conhecimentos. Não nos reconhecemos doentes e lançamos sobre terceiros os motivos para o colapso educacional. É o empresário cruel, avarento, ou o governo corrupto; sempre existe um culpado, menos a nossa doença.

Ensinar a sociedade a pensar criticamente é a única medicação para a educação verdadeira, é remédio eficaz, que quebra o encantamento da ignorância, os ideais da parvoíce e revela a “nudez do rei”; contesta o dogmatismo escolástico, retira a esperança do além túmulo e a traz para o mundo dos vivos. Cria cidadãos de direitos, mas, também, com deveres e responsabilidades; não existe cidadania negligente. A cidadania não é concedida, é conquistada individualmente e se torna coletiva pela soma de pessoas pensantes criticamente.